segunda-feira, 30 de dezembro de 2013


Curtindo Música Brasileira

  Esse livro não tem a pretensão de ser um guia definitivo da música brasileira", escreve Alexandre Petillo no prólogo de "Curtindo Música Brasileira". "Nossa missão é abrir caminhos."
Em 750 páginas, o volume é um resumão do que de melhor a música brasileira tem a oferecer. Dividido em 11 capítulos -samba, sertanejo, MPB, tropicália, bossa nova, rock, pop, black music, regionais, música clássica e "bônus track" (com artistas novatos como Tulipa Ruiz, Tiê e Eddie)-, o livro traz textos curtos e informativos sobre discos e artistas de cada gênero.
  É um trabalho abrangente e que não sofre de esnobismo crítico. Discos parecem ter sido escolhidos não pelo gosto pessoal dos autores (Petillo contou com a ajuda de Eduardo Palandi e Adriano Pereira), mas pela relevância dentro de seus gêneros. Trabalhos herméticos de Jards Macalé e Hermeto Pascoal receberam o mesmo tratamento de discos de Victor & Leo ou NX Zero. No capítulo "black music", Hyldon está junto a Claudinho & Buchecha.
   Todo capítulo abre com um texto sobre a história e importância de cada gênero, além de ilustrações e gráficos que ajudam a entender o desenvolvimento de cada um deles, e termina com uma lista de documentários. O capítulo "Regionais", por exemplo, traz um mapa com os diferentes ritmos do país: a lambada no Pará, o maracatu em Pernambuco etc.
Há também pequenos textos que complementam as informações dos capítulos. Podem ser perfis de alguns dos principais personagens da música e da cultura popular brasileira --Lamartine Babo, Raul Seixas-- ou breves ensaios sobre temas relevantes, como a censura às letras da MPB, o surgimento do punk brasileiro e a história do manguebeat pernambucano.
Claro que um trabalho desses está sujeito a críticas de quem discorda de alguma opção. Por que "Krig-ha, Bandolo!" e não "Gita", de Raul Seixas? Cadê o Benito di Paula? E a Clementina de Jesus? E o Walter Franco, não merecia estar na lista? São questões válidas, mas que não prejudicam o livro.
Se cada escola do Brasil tivesse uma cópia de "Curtindo" na biblioteca, teríamos gerações de ouvintes atentos ao que não conhecem. Imagine um garoto de 12 ou 13 anos, que acha que o pop começou com Lady Gaga e Michel Teló, lendo sobre os Mutantes ou Luiz Gonzaga?

ANDRÉ BARCINSKI  - ESPECIAL PARA A FOLHA
ANDRÉ BARCINSKI é jornalista e diretor do programa "O Estranho Mundo de Zé do Caixão", no Canal Brasil

 Fonte: www1.folha.uol.com.br

 

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